"Questão a resolver: como conciliar a crença que o mundo é, em grande parte, uma ilusão, com crença na necessidade de melhorar essa ilusão? Como ser simultaneamente desapaixonado e não indiferente, sereno como um velho e ativo como um jovem?" Aldous Huxley

terça-feira

Nosso mundo

A globalização foi a maior desgraça da humanidade. Destruiu a nossa singularidade, espatifou as mais belas esculturas simplesmente porque não se encaixavam... Hoje a nação massificada sofre as consequências, que se expressam claramente nas religiões. E os conflitos estão aí, frutos de ideias que foram projetadas para jamais se chocarem. Acho triste a irreversibilidade de que crenças dessa natureza não possam ser as mesmas depois do contato com outras. Ainda pior é o prejuízo sofrido pelas doutrinas que tentam se massificar à lá séc. XXI, uma vez que é lógico o corrompimento de qualquer ideia proposta a adequar-se a diferentes culturas.
Ademais, com opções de verdades absolutas antagônicas não é de se surpreender que as pessoas fiquem perdidas. No mundo globalizado muita coisa deixa de ser acreditada, e valores antes de primeira importância passam a ser menosprezados. Só não entendo a maldita vantagem dessa bagunça cultural. Quer dizer, além do dinheiro que uns poucos empresários ganham graças a um mercado consumidor mundial - todos querendo a mesma coisa, do mesmo jeito, sem maiores exigencias - o que é que nós ganhamos?!
Somos os fantoches. E felizes por sê-los, de tão corrompidos.
O egocentrismo humano exige uma crença espiritual, um significado teologico para a nossa vil existência; e nada mais natural vindo de um ser "inteligente". O ponto é que a nossa versão precisa ser absoluta para convencer-nos em nossa ignorância, o que certamente é incentivado pela globalização. É inclusive a proposta da 'Nova Era'. E da ciência. Mas quanta guerra ainda teremos de travar para chegar a tal?
Comparando os dogmas imparcialmente, a resposta óbvia é o ateísmo e a consciência de que as diferentes manifestações em matéria de religião ao longo dos povos tem motivos comuns como educação e unificação social. Logo, a única fuga a essa regra se caracteriza em uma teologia unificada. Contudo, eu estou demasiadamente convencida pelo pragmatismo ateu para me iludir com a possibilidade. Se a finalidade é proporcionar princípios para a continuidade de uma vida sã, qual a diferença de uma noção unificada ou várias independentes, diferentes e incomunicáveis? Mas a globalização já nos tirou essa chance...
Ela generosamente deixou-nos com o ceticismo e a iminência de guerra. Sem esperança. Confundiu nosso credo e ridicularizou a filosofia ancestral. Aplaudi a globalização, venerai a globalização, mimai a globalização; antes que ela se enjoe da vossa ignorância também.

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pff, tá mesmo perdendo seu tempo?