"Questão a resolver: como conciliar a crença que o mundo é, em grande parte, uma ilusão, com crença na necessidade de melhorar essa ilusão? Como ser simultaneamente desapaixonado e não indiferente, sereno como um velho e ativo como um jovem?" Aldous Huxley

sábado

Ambivalência.



Uma nova perspectiva crescendo. Eu acredito nela. Ela pode ser a minha chance. Ela pode ser a cura.
Uma velha empolgação caindo. Eu gosto dela. Ela pode ser a minha chance. Ela pode ser a cura.


sexta-feira

Sarcasmo.


Me desculpe se eu te deixo mal. Me desculpe se eu não sou o que você esperava. Me desculpe se eu não penso como você acha que eu deveria. Me desculpe se eu sou grossa. Me desculpe se eu não te ouço. Me desculpe se eu ajo por impulso. Me desculpe se eu rio dos seus assuntos serios. Me desculpe se eu te envergonho. Me desculpe se eu sou hipócrita. Me desculpe se eu te humilho as vezes. Me desculpe se eu não ligo. Me desculpe se eu erro. Me desculpe se eu choro. Me desculpe se eu falo na hora errada. Me desculpe se eu sou fútil. Me desculpe se eu sou vingativa. Me desculpe se eu não aturo ninguém. Só não espere que eu me desculpe por dizer a verdade que você não queria ouvir...

Vencida.


Ele olhou para o chão. O silêncio reinou. Ambos sabiam que nada mais poderia ser feito ali. Ela encarou a porta enquanto a furia e a melancolia brigavam dentro de si. Ele continuava errando. Fraco como sempre, não suportou olhar para suas perdas e assumir as consequências. Fraco como sempre, tentou maquiar suas burradas com outra mentira. Eu te amo. Ela o analizou e seus olhos brilharam. Só durou um segundo. Então a verdade caiu sobre seus ombros. Aquilo doeu, mais que um tapa e mais que sair andando rumo à porta. Foi a dor de saber que ele não mudaria. A dor de saber que era o fim. O fim de algo que nunca deveria ter começado.

(o fim que talvez ela não fosse forte o suficiente para deixar acontecer)

segunda-feira

Apólogo.


Era uma vez uma casa de palha. Lá dentro morava um sonho. O sonho tinha um animalzinho de estimação chamado Orgulho. Orgulho era um filhote adorável, de pequeno porte e muito ingênuo. Ingênuo como o sonho e como a casa. Ingênuo como eu fui um dia.

Então, em uma tarde entristecida pela neblina, o sonho levou Orgulho para passear, e ingenuamente, Orgulho conheceu Paixão. Paixão era o animalzinho da casa ao lado, cujo dono era um desejo ardente. A casa era feita de vidro, mas em certas manhãs o orvalho a fazia lembrar cristal.

No dia seguinte, Orgulho não conseguia parar quieto, e logo o sonho percebeu... Conversaram, riram, e Orgulho contou-lhe toda a historia. O sonho, que era sempre muito ousado, resolveu tomar um chá com o desejo. Chegando lá, percebeu que a casinha cheirava a caricias, e se sentiu muito confortável.

Enquanto tomavam o chá e conversavam sobre um assunto qualquer, Orgulho e Paixão se aproximavam mais e mais, e no fim do dia já eram quase irmãos.

Chegando em casa, o sonho tratou de encher Orgulho de perguntas. Orgulho não fazia idéia de quais respostas dar, e atordoado depois de um dialogo vazio, se retirou pra dormir.

Aconchegado e olhando o luar, Orgulho repassou o dia em sua cabeça. Tentou tirar conclusões sobre o que se passara, mas quanto mais pensava, mais se confundia. Desistiu e se rendeu ao sono.

Enquanto isso, na casa ao lado...

Paixão havia discutido com o desejo, pois ambas tinham se sentido muito atraídas pelo sonho. A discussão terminou com o desejo lembrando Paixão de que ela não tinha o direito de ter um sonho... Agora paixão estava muito chateada com o acontecido, e pensava se ao menos tinha o direito de ter Orgulho.

O dia seguinte foi dominado pelo silêncio dos gritos da ansiedade, e era um silêncio escuro. Orgulho acordou e foi até a padaria, para agradar o sonho, que tinha sido muito amável no dia anterior. Paixão não dormira nada, e assim que o sol raiou de mal humor, ela saiu de casa e foi admirar o horizonte da calçada.

Orgulho avistou-a, e sem hesitar, sentou ao seu lado. Paixão o confortou com um sorriso, e logo voltou a seu transe. Sem saber exatamente o que fazer, Orgulho preferiu um assunto bobo ao silêncio.

Olhou com toda a sua coragem para a indiferença dela e perguntou por que seus olhos estavam tão vazios. Ela sorriu sarcástica e lançou a pergunta no ar. “Acha que eu tenho direito de sonhar?”

Com medo do fundamento daquela pergunta e das conseqüências que sua resposta poderia causar, Orgulho resolveu responde-la com outra pergunta. “Acha que eu tenho direito de me apaixonar?”

Paixão não pegou a indireta, e respondeu honesta e indiferente: “Acho que qualquer um tem direito de se apaixonar... Mas você em especial pode se ferir.”

Orgulho se sentiu confuso e enjoado, e decidiu tentar esclarecer aquela bagunça. “Paixão, porque não se acha digna de sonhar?”

Ela o encarou, olhou para o asfalto e olhou vaziamente de volta para ele. Considerando-o um grande amigo, contou sobre a discussão com o desejo e sobre os medos que a assombravam.

Neste momento Orgulho se retirou ferido. Paixão não entendeu muito bem, mas permaneceu vazia no mesmo lugar.

O sonho já estava preocupado com a ausência do Orgulho, mas pensou que este era o momento perfeito para se declarar para o desejo. Chegando na casinha brilhante, o sonho reconheceu Paixão. Sentou-se perto dela. Afetada pela ausência do Orgulho, Paixão se aconchegou nos braços do sonho e lhe fez juras de amor. O sonho, iludido, mergulhou em seu extase.

Por trás da parede, o desejo assistia a tudo.

Algum tempo se passou, recheado por visitas secretas entre Paixão e o sonho da casa ao lado, até que o desejo ficasse opaco e Orgulho ficasse velho. Então a casamenteira da vizinhança, chamada Desilusão, juntou-os num encontro arranjado.

Orgulho se deu muito bem com o desejo, e o sonho viveu feliz para sempre com a Paixão... Mas quantos desejos a Paixão ainda pode sabotar? E de quantos sonhos o Orgulho ainda pode desistir?

Moral da história: Atenda à todos os seus desejos e cale suas Paixões, e dê espaço para que seu Orgulho cresça, pois assim ele poderá desistir de todos os seus sonhos estúpidos, antes que estes te levem à Desilusão.


sábado

Acredite.


Eu acredito em você, confio em você. Você é capaz. Você é forte o bastante. Sua falta de confiança parece te atrapalhar, mas sabe.. é só um charme. Sem saber o que fazer, você faz dar certo; sem saber o que dizer, você cala a todos; sem saber por onde olhar, você mira no alvo. Você sempre dá a volta por cima, você sempre os surpreende. Você é única, você é especial. Vá até lá e acabe com eles. Se orgulhe por ser quem é. Eu acredito em você. Eu confio em você.


quinta-feira

Turbulência calma.


Meio sentada, meio morta, jazia estática com a cabeça derrubada, ombros soltos e pele a mostra. Respirava, ouvia e via, mas o ambiente era tão calmo que não fosse o barulho de suas veias enchendo e vazando. Ao seu redor, livros, canetas, papeis amassados, idéias vagas. Entre pressões e opressões, boas notas eram um dever, estudar uma condição. Seu corpo mal formado e a cabeça menos ainda, não parecia certo um futuro brilhante, na verdade, nada parecia muito certo dentre suas oscilações de humor. Nem alta nem baixa, nem branca nem negra, nem bonita nem feia, indefinida a definia. Adolescência, hora de formar opiniões. Turbulência, hora em que opiniões são inexatas. Vestibular. Amigos. Garotos. Livros. Filmes. Descobertas. Baladas. Decepções. Seu coração palpitava, confuso com tantos comandos do cérebro. Seu intimo se despedaçava, despreparado para tantas contradições. Sua mente gritava, surdo para tantos sinais. Seu todo nada fazia, amedrontado de mais para agir além do ambiente. E era assim, com livros e sonhos que o sol morto ia e voltava, e os dias passavam, e a vida acontecia. Seu nome é insegurança.

quarta-feira

...


Mentindo e caindo, pra amanhã levantar de novo e mentir que está tudo bem...

segunda-feira

Autonomia idealizada.

A meta do ser humano é a independência, e autoconfiança se inclui nas exigências. Penso que um número máximo para frustrações abafadas e um número mínimo para pedidos de desculpas também deveriam ser adicionados à lista. Uma taxa obrigatória de humildade e outra de coragem não fariam mal, mas enfim, para o bem de uma camuflagem convincente melhor não propor regras que não posso cumprir certo? Então é isso, minha proposta fica entre o falso sorriso que aproveita o momento e o “eu não ligo” fictício que blinda o bem estar de cada um...

domingo

Pressa de viver...


Escolhas que escolhemos sem querer ao seguir caminhos, e caminhando sem andar, pensamos em decisões que decidimos sem pesar; e assim a vida segue, sem parar pra tomar fôlego, um lance atrás do outro. Fica muito fácil errar sem ter tempo para planejar a rodada, mas a sorte prefere as atitudes precipitadas...

sexta-feira

Veneração.

Linda, inteligente, sabe o que quer. Quando passa não deixa escapar um misero olhar. Engraçada, nunca fica sem assunto. Sabe provocar, sabe amenizar, briga com classe e se diverte sem frescuras. Ao mesmo tempo que todos a desejam, todos se intimidam. Impõe presença mas é sutil. É otimista e também realista. Atrai inveja, mas nunca a sente. Tem a perfeita noção de quem é, e nunca se deixa enganar. É forte, decidida, mas às vezes também chora. O ponto é que ela nunca se arrepende, e praticamente nunca erra. Com ela os padrões se dissolvem, moda nenhuma parece certa. Se importa com todos, mas sabe como não ligar para ninguém. Cercada de amigos, quase nunca se sente sozinha. Sabe o que dizer e quando dizer, e também sabe o que não dizer e quando não dizer. Tem dons de todos os tipos, e os controla segundo suas necessidades. Segura de si, ofensa nenhuma a intimida. Segura de si, sabe bem como intimidar ou ofender.

Ela é o padrão, ela é a lei, ela é quem todas queremos ser.

Arte de fingir...

Tão obcecada pela perfeição, tão iludida com os ideais, sempre indo contra as minhas verdades, sempre mascarando as minhas fraquezas. Não ligar é a moda do momento, então porque deixar que notem que eu choro depois do tchau se eu posso pintar um lindo sorriso e enganar o meu espelho? Porque me render e correr atrás, porque me rebaixar e perguntar, porque esquecer ou superar? É tão mais fácil não ligar, tão mais fácil não falar.

segunda-feira

Sonho Implantado.


Amor, namoro, par perfeito, príncipe encantado, casamento, AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH. Quem implanta nas nossas cabeçinhas desde sempre que pra ser feliz é preciso estar com alguém? Deve ser a mesma maldita criatura que implanta que popularidade, sexo e beleza trazem felicidade. Qual será o tempo que cada um de nós precisa para entender que a beleza é relativa, o sexo dispensável e a popularidade estúpida? Pior, qual será o tempo preciso para entender que o amor próprio é tão suficiente quanto o amor entre dois seres? Estar acompanhado é só um detalhe, um detalhe fútil.

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Acho que o tempo necessário e o ser que implanta tais verdades são diretamente proporcionais.