"Questão a resolver: como conciliar a crença que o mundo é, em grande parte, uma ilusão, com crença na necessidade de melhorar essa ilusão? Como ser simultaneamente desapaixonado e não indiferente, sereno como um velho e ativo como um jovem?" Aldous Huxley

quinta-feira

Pelos becos.


Costumava ser feliz, mas foi ficando cada vez mais quieto. E eu percebi o silêncio. Por um lado ele me acalmava, esclarecia muita coisa... Mas não demorou pra eu cansar de entender. De repente eu só queria parar de saber, e de repente a minha própria voz se tornou inconveniente. Já gritei no travesseiro mais de uma vez, já puxei meus próprios cabelos tantas outras, e então comecei a fazer roxos nos meus próprios braços. O que eu via no espelho era tão irritante quanto tudo o que eu via na televisão. Resolvi mudar de plano. Aluguei tantos livros quanto eu era capaz de ler, me obriguei a ouvir música em qualquer tempo livre, e até que consegui me calar por um tempo. Mas vez ou outra, a solidão me pegava. Cogitei suicídio. Depois decidi que era fraqueza. Cansei até do meu cachorro. As músicas que eu idolatrava de repente perderam o timbre, e o Deus que todo mundo louvava me parecia cada vez mais egocêntrico. Tentei ouvir algo mais sério, pesquisei os temas mais bizarros, e até visitei rituais satânicos. Não muito tempo depois, o obscuro também perdeu a graça. A sociedade me enojava, e eu estava começando a sentir repulsa por todos os que um dia conheci. Minha vida não tinha motivos e minha luta por opinião própria estava começando a me irritar. Mesmo assim, drogas sempre me pareceram estupidamente inúteis. Foi mais ou menos depois de uma semana sem trocar de roupa que meus pais explodiram. Já vinham tentando me "ajudar" há muito tempo, mas qualquer tentativa da parte deles era inútil. Eu estava perdida, e sabia disso. E eu não acreditava que um dia me encontraria. De todo modo, em uma segunda-feira nublada, me lembro bem, eles tentaram me levar a um psicólogo. Foram duas horas de consulta sem a mínima manifestação da minha voz. Vi os lábios da médica aconselhando procedimentos aos meus país, mas juro que não ouvi uma palavra. Eu estava aprendendo a me perder em mim também. Na mesma segunda-feira, tarde da noite, eu decidi que não queria mais encenar aquele teatrinho de familia feliz. Roubei algumas notas da carteira do meu pai, peguei meu melhor jeans, um agasalho e uma outra troca de roupa, joguei tudo no fundo de uma mochila e saí. Não fiquei na cidade nem mais um dia, e usei dos meus tributos femininos para conseguir transporte, comida e estadia. Vivi nas ruas por dois anos, de cidade em cidade, de bar em bar, me prostituindo para não trabalhar, e vivendo de favores e doações. Não reclamo, foi uma aventura incrível, mas depois de um tempo comecei a ficar enojada com a quantidade de garotas grávidas e miseráveis que me cercavam. Percebi que aquela vida não tinha mais brilho. A esta altura eu tinha lá meus dezessete anos, e decidi começar algo do qual me orgulhasse. Fui para a capital, consegui um emprego como ajudante de bibliotecária e uma vaga em um pensionato de baixo calão. Ainda usava dos meus seios para conseguir refeições quando estas me faltavam, mas agora com motivos mais nobres: queria estudar. Aprendi muito sozinha, e depois de sete meses como assistente de bibliotecária eu já tinha uma boa noção de matemática, historia e política. Com o dinheiro que eu juntara por estes meses, um concurso de bolsas bem sucedido e um emprego regular, segui vivendo. Os cinco anos seguintes foram apáticos, com alguns garotos e algumas amizades fingidas, mas nada daquela magia universitária; mesmo por que eu já conhecia a vida o bastante para não me empolgar com transas e alguns goles de vodka. Nunca mais vi minha familia, e acho que eles cansaram de me procurar lá pelo terceiro ano. Também acho que em algum dia desde então eles brindaram minha fuga, mas esta é uma opinião que não divulgo mais. Hoje, tenho minha própria mobília e um aluguel em dia. Não frequento igreja nenhuma, e também não sorrio na rua. Sei que o bem não passa de farsa e que a humanidade não é bonita, e aquele sonho imaturo de mudar o mundo e ter nome na história já ficou para trás. Não sou feliz, não tenho amigos, familia ou marido; mas se querem saber, me considero muito melhor que todas essas pessoas realizadas e amadas por aí. Por que eu... Eu sei o que nós criamos.

The rivers on the pavement
Are flowing down with blood
The children of the future
Are drowning in the flood
Where did all the love go?

domingo

On the radio

[...]


This is how it works:
You're young until you're not
You love until you don't
You try until you can't
You laugh until you cry
You cry until you laugh
And everyone must breathe
Until their dying breath


No, this is how it works:
You peer inside yourself
You take the things you like
And try to love the things you took
And then you take that love you made
And stick it into some
Someone else's heart
Pumping someone else's blood
And walking arm in arm
You hope it don't get harmed
But even if it does
You'll just do it all again


[...]


(On the radio - Regina Spektor)

sábado

E se os animais falassem?
E se as fadas existissem?
E se as memórias não perturbassem?
E se os sussurros se calassem?
E se as ideias vingassem?
E se os fatos encorajassem?
E se as paixões durassem?
E os doces não engordassem?
E se as flores não murchassem?
E se os adultos brincassem?



Seria ruim do mesmo jeito.

-


Não tema
Não traia
Não odeie
Não dissimule
Não manipule

Você faz certo daí, eu faço daqui, e ninguém se machuca hoje.

Por obséquio:


Não me ame. Nunca, sob circunstancia alguma. É o tipo de coisa que me intimida. E eu não faço nada certo quando me sinto acuada. Aliás, queira fazer a gentileza de também não me elogiar? É que eu sempre procuro convencer a pessoa do contrário, e eu posso ser persuasiva... Grata.

Eu vou acabar ficando louca.


Preciso de qualquer coisa real, se é que ainda existe alguma. Preciso sair deste tempo, deste país. Preciso de cultura, preciso de sabedoria. Preciso de um amor, de uma aventura. Preciso de uma vida, para revesar meus pensamentos. Preciso saber que existe algo além da minha ficção insensata, surreal. Preciso entender como eu sou, pra explicar à mim mesma quem pretendo ser. Percebo a loucura logo ali, e vejo a sátira de todo esse quadro supérfluo-adolescente em cada esquina. Preciso acreditar, mas plenamente. Preciso decidir, entre a frustração ou a alegria superficial. Preciso que vejam, e que acreditem também. Preciso saber, preciso muito saber. Preciso dá-los o que entender, mas antes preciso entender o que me deram; me deram muito. Preciso ganhar, ser melhor e maior. Preciso matar o ego de mim, preciso me deixar morrer. Preciso também da certeza de que vou renascer, preciso dela enquanto viver. Preciso da beleza antiga, aquela que me descreveram tão bela; preciso da beleza, qualquer que seja ela. Preciso dela, preciso agora; mas a preciso real, como nada neste mundo. Preciso daquela velha ficção amarelada. Preciso existir, hoje e um dia. Um dia longe daquele passado amarelo, e desse presente azul brilhante.

sexta-feira


Minha alma chegou a tal nível de degradação que nem me expressar eu consigo mais. Aprendi a controlar todo e qualquer sentimento. Agora eu não consigo demonstrá-los naturalmente. Eu usei tanto do seu apoio, que me tornei dependente quimica fisica e moral. Até o sono eu perdi. Não tem mais graça, não tem nem nexo. Agora eu sou cética e rancorosa. E nem assim me tornei prática. Eu quis tanto, eu soube tão claramente, que agora nem opinião eu tenho. Estou a beira de um colápso. De outro. Por favor, alguém pode fazer parar?

quinta-feira

-

Só existem dois jeitos dignos de viver: acima de tudo ou excluido de todos. Toda e qualquer filosofia de vida entre estas é mediocre, e de mediocre basta o mundo.

segunda-feira

Exaustão.


Nada está bom e nada está certo, e eu só queria não precisar consertar tudo com as minhas próprias mãos...

-


Cansei de ser compreensiva. Será que dá pra alguém me compreender desta vez?

sábado

Estratégias.


Pense, planeje, risque, pense mais, apague, risque tudo de novo, seja criativo, capriche, apague de novo, risque, borre tudo, pense novamente, desenhe por cima, esboce, amasse e jogue no canto do escritório.
Pegue outra folha, rabisque tudo outra vez...

Ser é agir.



Não se pode ter tudo. Não se pode ter metade, nem um terço e nem um quarto. Não se pode ter amor pleno, nem felicidade enterna e nem bondade pura. Não se pode nada. Quem pode é você.

"Colápso do Século 21"



O homem tem dois inimigos: a sociedade, e ele mesmo.
E um dos dois ainda há de acabar com ele...

domingo

Ficção.


Ficção é fuga. Fuga é ficção.

sexta-feira

O que eu vou contar pros meus netos?

quarta-feira

Intensidade e plenitude.


Eu quero ouvir minha respiração ofegante,
E sentir meu coração bater
Eu quero descobrir como é amar,
E saber o que é viver

Eu quero correr pela estrada deserta,
E empurrar as pessoas na multidão
Eu quero soar pra ficar limpa,
E desentoxicar minha imaginação

Eu quero nadar nos lagos azuis,
E me afogar nas emoções
Eu quero brincar com os meus medos,
E caçoar minhas decepções

Eu quero ver o sol nascer,
E beijar o sal do mar
Eu quero ver você chorando,
E saber te consolar

terça-feira

Childhood Fears.







Não sei de quem são as fotos, perdão pela ausência de creditos.

segunda-feira

Grr


E de repente eu olhei pra aquelas pessoas que costumavam me conhecer tão bem, e pra aquele lugar que já me fez tão feliz, e senti vontade de chorar e chutar a porta...

(pra sentir a dor e pra avisar que eu ainda estava ali, em pé, sozinha)

..?


Quando a inocencia acaba
Quando a vontade queima
Quando a possibilidade julga
...