"Questão a resolver: como conciliar a crença que o mundo é, em grande parte, uma ilusão, com crença na necessidade de melhorar essa ilusão? Como ser simultaneamente desapaixonado e não indiferente, sereno como um velho e ativo como um jovem?" Aldous Huxley

quinta-feira

Errando, aprendendo, errando mais.


A perfeição não existe. Creio que é só mais um estereotipo pra nos inspirar a acertar. Nunca a alcançaremos, nunca nem chegaremos perto, pois quando nada esta errado, algo simplesmente acontece.

Sempre brigamos com alguém para quebrar o silencio da rotina. Sempre nos ligamos com a pessoa errada para calar a carência. Sempre falamos algo venenoso para descarregar o estresse. SEMPRE, SEMPRE E SEMPRE damos um jeitinho de criar acontecimentos onde nada tem que acontecer.

Eu sei, isto é viver. Não tem nexo ter uma vida pra não fazer nada, só deixar como esta. Mas às vezes eu queria. Adoraria, e como adoraria, conseguir calar minha boca na hora certa. Também sei, a vida é feita para errar e aprender. Mas deus, qual a finalidade de cometer o mesmo erro inúmeras vezes? Temos que aprender, não decorar. Eu sei, sei e sei que a vida é feita de decisões, mas também queria muito poder simplesmente não decidir de vez em quando.

Martírio maior que aquele com qual eu posso lidar é ver minha vida tão perto de tudo que eu sempre quis numa tarde e tão longe na manhã seguinte. Mais um aprendizado? Às vezes eu gostaria de simplesmente não aprender.

Talvez fosse bom pegar algumas detenções do amor e repetir algumas series da amizade. Pena que a diretoria da vida nos pune com mais lições. Eu juro que prefiro a palmatória.



Ficção cientifica, ciencia ficticia.

Um filme começa poético, confuso e com belas paisagens, tal como o nascimento. A primeira respiração, o primeiro contato à luz do sol, o primeiro vista à grama. Tudo tão puro, tão desinteressado, tão belo.

Então a bela musica acaba, os nomes param de aparecer na tela e a historia começa. Confusa, sem explicações, você é atraído extintivamente a continuar assistindo, para entender, a continuar vivendo, para descobrir.

Chega uma hora, que sem que você perceba, a trama começa a se enrolar, coisas começam a fazer sentido, mocinhos e vilões começam a se separar, e seus brinquedos se substituem por opiniões e revoltas, duvidas e amores.

Assim como o clímax de todo filme não tarda a começar, a adolescência chega. Sem pedir licença, traz consigo conflitos e sentimentos devastadores, tudo acontece para complicar ainda mais todos os fatos, nada parece se resolver e a historia se transforma em um bolo de contradições precipitadas.

Vagarosamente, cada detalhe vai se explicando, e os que não se explicam vão escondendo numa caixa no fundo do estúdio, para serem lembrados em um desfecho próximo. Tudo parece estar se resolvendo, problemas ainda surgem mas já não parecem tão graves, eis a vida adulta, o pós-clímax e o pré-desfecho da vida humana.

Então, quando tudo aparenta perfeita harmonia, nada falta para ser resolvido, quando o sentimento de satisfação finalmente se faz presente, o filme acaba. Nos olhos dos expectadores fica o brilho do desejo da continuação, nos olhos do artista principal, o fosco conformismo contradito pelo balbuciar da lágrima de orgulho. E assim se faz a velhice, calma e bela, com direito à uma trilha sonora emocionante e gaivotas pintando as nuvens.

Quando tudo parece simples, a vida complica, quando tudo parece difícil, a vida acalma, quando tudo parece perfeito, ‘The End’ se faz escrito, e a música inicial, a tensão do meio e a calmaria final se guardam numa só fita, que é bloqueada para ser vista somente uma vez, pelos próprios atores.

Inflação dos sentimentos.


À medida que a modernidade chega, inovadora e sorrateira, vai compactando o tradicionalismo, e este, tradicionalmente educado, vai cedendo seu lugar. Essa é a maior perda da evolução, pois todos desejam um romance medieval, uma amizade rodeada por requintes, um cortejo despervertido.

Outra perda, ou mudança desvantajosa, como queiram, é que, como tudo moderno, o preço do amor vem subindo, e consecutivamente o da amizade, o da consideração, e até o da felicidade, que indo contra ao tradicional clichê, tem um preço. Não aquele pago em cédulas, mas em momentos, em idéias, em atitudes.

A sociedade está fadada a evoluir, é a inflação da vida.
A magia está fadada a morrer, é a crise da vida.

Só há um lugar onde os problemas sócio-econômicos não adentram sem a sua permissão: sua cabeça. Lar das suas idéias, refugio das suas crenças, abrigo dos seus sonhos… a reserva da sua mágica, a base da evolução do seu ser, tudo o que você tem.

Você é o unico que pode ditar o tamanho das mesmas, e limitá-las a dominar, coexistir ou se inferiorizar à sua historia.

Contudo, gostaria de saber se ainda há magia suficiente para redominar os contos de cada um. Se ainda há magia suficiente para ressuscitar o meu final feliz. Se ainda há magia.


quarta-feira

Preucupações: apologia ao estresse.

Acordando, dormindo, respirando, comendo, falando, vivendo, dia pós dia, século pós século, a população tem se procriado dentro dos padrões e o sistema continua a funcionar. Vez ou outra algo acontece, aquecimento global, término do petróleo, escassez da água, mas nada que mereça muita atenção além daquela falsa e desinteressada. E assim prosseguimos independente do que for, a seguir nosso caminho, a viver nosso destino e a gastar nosso futuro.

Não que haja algo de errado nisso tudo, afinal a vida é tão pequena… Não há tempo à perder para se interessar por qualquer outra coisa que não te afete instantaneamente, certo? Errado.

O que o seu vizinho fez ontem não te afeta. Com quem a beldade do terceiro ano transou também não. A idade com que a amiga da prima da sua colega do inglês abortou um filho muito menos. Suas atitudes te afetam. Suas escolhas também. Seus pensamentos mais ainda.

Pensamentos, por falar neles. Como doem, incomodam e estragam tudo sempre que possível. Na verdade quando é impossível eles também dão um jeitinho. A melhor palavra para defini-los: impertinentes. Ou seria incômodos? Intrometidos talvez. Que seja.

Às vezes eu queria ser um gato domestico: independente, porém com acesso a caricias sinceras e bajulações sempre que necessário, e claro, isento de problemas com relacionamentos e química quântica.

Será que ninguém percebe o tamanho desgaste emocional que se paga para se preocupar com algo? Decidi economizar o meu emocional, a menos que seja restritamente importante. Não me preocupo com mais nada que não resulte no fim do mundo ou na morte dos meus pais. Pelo menos em teoria.