"Questão a resolver: como conciliar a crença que o mundo é, em grande parte, uma ilusão, com crença na necessidade de melhorar essa ilusão? Como ser simultaneamente desapaixonado e não indiferente, sereno como um velho e ativo como um jovem?" Aldous Huxley
domingo
...
Eu quero status e essência. Eu quero tradição e mudança. Eu quero amor e solidão. Eu quero certeza.
Tentando..
Ninguém disse que seria facil e ninguém disse que facilitaria. Ninguém disse como fazer e ninguém disse que faria.
sábado
Novo mundo.

Ela estava parada, com todo um mundo a sua frente. Sentou-se na ponta do precipicio e observou com a calma de um pai.
Pensou no velho mundo que se esvaía de cada folha que ela conseguia ver dali. Pensou nas novas modas e manias que se impregnavam nos vãos das rochas, e pensou nos amigos que já teve.
Carregada pela nostalgia, ela reviu cada sorriso e sentiu novamente os melhores abraços; e então relembrou a bruscalidade com que tudo acabou.
Um dia fora tudo tão limpo, tão harmônico, tão inabalável. Ela chorou por não ter visto este dia. Como é que conseguimos desmoralizar tanto nossa própria honra?
Embargada pela culpa e pela saudade, ela jogou uma pequena pedra para além do nada do abismo. Beijos sem qualquer emoção. Palavras sem qualquer fundo de verdade. Consolos superficiais. Ideais baratos. Não não, não é neste mundo que ela quer viver.
Ela queria tanto ser diferente. Sentir de verdade, ver de verdade, ser de verdade. Mas no novo mundo não havia espaço pra nada disso... Olhou pra frente novamente e lembrou-se de que o motorista ainda estava ao seu lado, segurando suas compras e esperando para levá-la de volta ao hotel, quando ouviu sua voz pela primeira vez:
- A cidade não para de crescer. O que diabos estão esperando para cortar estas arvores velhas e construir um hotel descente por aqui?
E com a inexpressividade de um recém nascido, Miranda pegou as sacolas e entrou na Mercedes parada a poucos metros dali.
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sexta-feira
Virtude de errar.

Eu erro porque eu erro. Erro porque quero, erro só por errar. Eu sei onde errei, e se não sei é mais um erro. Meu erro. Errei e vou continuar errando. É errado tentar corrigir pra mim. Meu erro minha culpa. Eu vou ver o erro quando eu quiser ver. Vou errar de novo se não quiser corrigir. Mas entenda, os erros são meus. Errando eu acerto e errando eu aprendo. Aprendo errado na maioria das vezes, mas aprendo errado do meu jeito. Não me diga onde eu errei sem saber por meio de qual teoria errônea eu errei tal erro. Não erre pra me protejer. Erre por si e erre com si, erre e aprenda, então erre de novo. Erre comigo, erre sozinho, erre quantas vezes cada erro permitir. Erre e entenda o erro, ou erre e veja tudo errado. Erre e me veja errar. Erre se vendo errar. Alguma coisa sempre estará errada. Se estiver tudo certo, saiba, está errado. Errar é uma arte, errar é uma bênção. Eu erro, tu erra, ele erra, nós erramos, vós errais, eles erram mais.
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Resumo.
quinta-feira
terça-feira
Colápso.

Eu não posso fazer alarme. Eu não posso transparecer. Eu não posso ser fraca. Eu não posso querer antenção. Eu não posso me abrir demais. Eu não posso confiar cegamente. Eu não posso machucar ninguém. Eu não posso ser machucada. Eu não posso dizer o que eu penso. Eu não posso pensar muita coisa. Eu não posso pensar. Eu não posso ser quem eu quero. Eu não posso ser como eu quero. Eu não posso esperar nada em troca. Eu não posso esperar nada. Eu não posso mentir. Eu não posso ser sincera. Eu não posso esquecer. Eu não posso lembrar. Eu não posso gostar. Eu não posso odiar. Eu não posso querer. Eu também não posso sentir.
-
Dar um tapa e ganhar um beijo arde mais que três tapas.
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sexta-feira
Eu.

Primeiro, foi tão claro que quase me cegou. Do céu enegrecido e triste que era minha cabeça, floresceu um flash tão branco e maravilhoso, que chegou a ser trágico. Iluminou cada canto obscuro daquela personalidade forte e errônea que eu quase esqueci, e posso admitir que chegou a doer. Meus olhos ficaram marejados, mas não pouco a pouco como acontece ao lermos romances poéticos. Ficaram marejados como se a água por sobre as retinas tivessem sido cuspidas lá de dentro, como se a luz tivesse tomado seu lugar. E a sensação, foi tão limpa... Tão limpa que chegou a ser inentendivel. Foi ampla e simples, mas isto a fez complexa o suficiente para empenhar-se toda uma vida. Com a mente explodindo e os olhos ardendo, meu instinto de sanidade optou por só senti-la. Se no segundo seguinte eu ainda fosse eu, então pensaria algo a respeito.
Mas o segundo seguinte... Ah, sim, o segundo seguinte... Nele não houve tempo para pensar a respeito. Nele eu nem pude saber se eu ainda era eu. Assim que a luz se apagou, meus olhos arderam. Arderam e choraram. Choraram de saudade da luz e choraram de alivio. Choraram confundidos pelo vácuo que a luz deixou, e choraram o ardume de seu baque. Choraram também em compaixão aos ouvidos. E estes, ah, estes sangraram. Começou com uma vibração no escuro, com algo intrigante e preocupante. E cresceu. Cresceu e não parou. Cresceu e detonou. Eu era toda sons. Não havia matéria e não havia razão. Só som e escuro. Só som e descoberta. Só som e um tapa na cara dos mais estalados. Acordei da vida, e o estrondo foi caindo regressivamente na antiga vibração conturbada. Novamente, o alivio do fim da turbulência veio triste e com gosto de derrota. Quando eu comecei a refletir sobre o que o barulho tinha me contado, o céu se rasgou brilhoso.
A noite turva que ao mundo parecia tão calma se desfez ao toque. Ao toque ríspido e inexplicavelmente delicado que se desenhou nela. E o rasgo não parecia pretender remendá-la. Rasgou a noite, as perguntas e as inseguranças. Rasgou a confiança, a pureza e a lembrança. Mas a noite não sangra. Não, quem sangra não é digno. A noite era tão nobre e tão palida, que de dentro do corte desesperador saiu brilho. Brilho do mais puro, brilho do mais nobre. Saiu um brilho sem pretensão, sem objetivos e sem circunstâncias. Saiu um brilho mágico que curou a ferida. E aquele brilho refletiu na minha derme. Meu couro branco respondeu. Me senti como o ultimo elfo da mitologia nórdica. E o reflexo me sanou. Sanou corpo e mente, fechou feridas e rancores.
Desta vez definitiva, o show de encantos acabou. Olhei para o céu, ele choramingava quieto numa garoa cintilante. Olhei para as estrelas, e elas não pareciam ter mais nada a dizer. Então fechei meus olhos e tornei meu corpo ao vento; deixei a escuridão embalar meu sonho surreal e entendi... Luz esclarece, barulho conforma, rasgos purificam; e eu... Eu vejo, ouço e sinto.
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quinta-feira
Diga não à vaidade corrosiva.
quarta-feira
Saudade.
terça-feira
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Quanto mais você tenta esconder uma coisa, mais ela tende a aparecer.
E não adianta esconder esta verdade de si mesmo... Já sabe né?
E não adianta esconder esta verdade de si mesmo... Já sabe né?
domingo
Bon idée
sexta-feira
ha ha ha ha ha

Só agora eu percebi...
Que eu posso ser a minha melhor amiga,
Que o que os outros pensam não é a verdade,
Que o que eu sinto nem sempre pode ser dito em voz alta,
Que comprar briga é estupidez,
Que vaidade é um peso,
Que acreditar basta,
Que amor próprio é a alma da felicidade,
Que rir sozinha faz muito bem,
Que querer demais enlouquece,
Que gestos mudos gritam alto,
Que se focar no futuro não é tão chato,
Que relacionamentos são de mentira,
Que precisar e não ter é a pior tortura,
Que dor ensina e musica cura,
Que nem todos querem ver como eu vejo,
Que o clímax fica nos detalhes,
Que desconhecer o amor não faz dele menos real,
Que você nunca foi quem eu pensei.
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Expectativas

Você quer ser de verdade. Você quer sentir plenamente. Você quer ser belo e culto. Você quer ser humilde. Você quer saber que é bom. Você quer que saibam que você é bom. Você quer olhar pra cima e rir da vida. Você quer que os outros entendam o que você diz. Você quer poder ficar no topo. Você quer que o tempo seja favorável. Você quer amar alguém.
Mas sua inteligência tosca não te deixa ser de verdade, e nem sentir plenamente. Sua determinação coagida te afasta da beleza e da sabedoria. Seu fascinio com a perfeição borra sua humildade projetada. Sua baixa estima emudece os elogios. Sua revolta sem sentido eneblina o céu mais azul. Sua sede por voz própria te leva a gritar alto demais. Sua falta de preparo deixa a escalada mais longa. Sua pressa atrasa o tempo. E não, você não sabe... Mas amar alguém é negar tudo isso.
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Sobre deus (parte três)
Acho que a parte dois foi por desencargo de consciência. Se deus existe, ele deveria me castigar por isso.
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