"Questão a resolver: como conciliar a crença que o mundo é, em grande parte, uma ilusão, com crença na necessidade de melhorar essa ilusão? Como ser simultaneamente desapaixonado e não indiferente, sereno como um velho e ativo como um jovem?" Aldous Huxley

quarta-feira

Mentiras cômodas, futilidade agradável.


Há não muitos minutos estava me sentindo miserável, por motivos aparte. Não conseguia ficar em um cômodo fechado comigo mesma sem me irritar, não conseguia ouvir nada sem querer gritar. Gritar para espantar meu mau humor, gritar para expressar meu desespero, gritar para concretizar minha loucura. Tal angustia me dominou, e por mais que eu de certo modo soubesse que era uma simples TPM, que em segundos eu estaria tão feliz quanto um dia de sol solto em uma campina verde, que eram somente hormônios descontrolados existindo um dia a mais rumo à dominação global, por mais que eu soubesse de tudo isso, eu precisava extravasar, precisava fazer alguma coisa antes que aquele grito fizesse um nó em minha garganta e me asfixiasse.

Então peguei minhas moedas e um dos livros de auto-ajuda que eu tanto critico e que minha mãe tanto preza, talvez eu estivesse precisando deles. Comprei na sorveteria mais próxima o maior milk shake à venda. Eu sei, soa fútil. Sim, eu sou fútil. É, também odeio isso. Não, nunca fiz nada para mudar.

Tendo em mãos a dupla perfeita para um dia de fossa, percebi que voltar para casa não era o que meu espírito precisava. Então fui até a praça publica local e me sentei sozinha, com meu sonho calórico e minha caixa de sabedoria barata, próxima da natureza pacifica das arvores plantadas graças à qualquer projeto que mascarasse o egoísmo social e cercada pelo irônico cheiro doce de mendigos desprivilegiados graças ao mesmo egoísmo social.

Muitos dos que passavam me olhavam com olhos críticos e intrigados, me provando mais uma vez que a sociedade se tornou tão excêntrica que é considerado muito mais comum andar com o olhar baixo e o passo rápido rumo a qualquer lugar dominado pelo consumismo que se sentar próximo aos próprios sentimentos e deixá-los dominar um momento qualquer. Me dói admitir que nesta sociedade excêntrica o comum é dado por certo.

O caso é que, muito oposto à idéia que minha estúpida futilidade juvenil havia me imposto, livros de auto-ajuda não são somente clichês quaisquer postos entre palavras para confortar pessoas deprimidas, na verdade hoje descobri que livros de auto-ajuda são de fato idéias propostas em momentos de paz e que não são formados por infelizes clichês que servem para confortar e sim de sabedorias particulares que servem para questionar clichês confortantes.

Esta é uma mentira cega que a futilidade do mundo me propôs e que eu aceitei prontamente. Em quantas outras mentiras disfarçadas temos acreditado comodamente?


2 comentários:

  1. sim… todos temos nossos momentos fúteis, às vezes… e na verdade é bom ser fútil de vez em quando. Afinal, quem se privaria de um Milk Shake de 750ml num dia de fossa? seria masoquismo. Ignorância! Não se sinta mal por isso.

    Mentiras cômodas? A sociedade atual é uma mentira cômoda por si só. Uma mentira cômoda pronta? O investimento da Petrobras no Pré-sal. Uma mentira cômoda pronta e mascarada? A propaganda da Petrobras sobre o Pré-Sal! hahaha.

    Má, você escreve muito bem. você tem opiniões fortes e bem definidas! Continue assim. invista no seu dom! :)

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  2. Máh, a ira e a deprê que nos leva a TPM são realmente desumanas, mas procure ver o lado bom!!! É nas dificuldades que a gente amadurece.
    Bem vinda ao mundo dos adultos!!!!
    Te amo muito!!!
    Beijinho no coração

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pff, tá mesmo perdendo seu tempo?